sexta-feira, 13 de abril de 2012

Realidade Rubro-Negra





Acordamos com o corpo doído, com a cabeça pesada e a voz rouca. O Flamengo nos castiga e nós gostamos desse sofrimento porque geralmente as recompensas também são no atacado. É o ônus e o bônus de torcer para o maior clube do Brasil. Falo isso com toda convicção do mundo. Mas nos últimos 30 anos, portanto, muitos dos que estão lendo não eram nem nascidos, a Libertadores tem sido uma usina de crises e decepções. Ganhamos bonito quando participamos pela primeira vez e de 1981 pra cá, amargamos todos os tipos de eliminação, todos. Vá a prateleira do supermercado da bola mais próximo e escolha a menos dolorida.

-nas semifinais dentro de casa
-nas oitavas de final
-nas quartas de final
-na primeira fase
-tendo que ganhar por tres gols de diferença
-podendo perder por dois gols de diferença
-contra bons times
-contra times medíocres

Escolheu? Pois é…temos que admitir que a Libertadores é uma realidade muito distante pra nós que, infelizmente não aprendemos com as seguidas lições que a competição mais importante do continenente nos ensina. Não é fácil ganhar, claro que não, mas geralmente quando entramos pra disputá-la raramente estamos bem preparados. raramente. Vá ao supermercado da bola mais próximo e escolha a bagunça menos barulhenta.

-tecnicos coadjuvantes
-elencos bisonhos
-brigas internas
-diretores fanfarrões
-vaidade
-falta de profissionalismo
-planejamento débil
-menosprezo por adversários

Escolheu? Pois é…deixando toda a paixão de lado e olhando pra trás com os olhos da razão, tá na cara que o Clube de Regatas do Flamengo NÃO quis disputar pra valer a Libertadores depois que a conquistou no início da década de oitenta. Lamentavelmente os erros se repetiram e ninguém os corrigiu. A turma que se acha acima do bem e do mal, que comanda ou comandou nos gabinetes acreditou no velho slogan de botequim: “isso aqui é Mengão, porra”. Santa ingenuidade ou diabólica incompetência. É maravilhoso ser MENGÃO, mas pra quem tem que fazer a roda girar não basta. O velho slogan de botequim precisa crescer, precisa ganhar novas palavras. Que tal: “isso aqui é Mengão, porra, temos CT. Nossos craques treinam. Gastamos o que podemos pagar. Nossos diretores não usam o clube pra outros fins.”

Quando o ridículo time do Emelec marcou o terceiro gol, nós ficamos decepcionados, ristes. O coração apertou e o sono sumiu. A sexta-feira 13 trouxe de volta todos os nossos fantasmas. Escolher o tecnico como culpado e demití-lo é fácil. Eleger tres ou quatro jogadores como vilões, idem. Talvez mereçam mesmo. Nem o Joel e muito menos o elenco foram capazes de dar respostas no campo. Mas ainda assim…não fecharemos essa ferida chamada Libertadores com medidas paliativas. É a mentalidade que precisa mudar. Novas idéias. Novos nomes. Compromisso. Seriedade. Menos politicagem. Oposição versus situação. Mas não são todos rubro-negros?

Não tenho chapa. Não apoio candidato algum. Sou Flamengo. Amo o Flamengo. E aposto que nenhum joagador ou dirigente, hoje, está sofrendo mais do que o torcedor. O garoto que foi a escola e teve que ouvir os amiguinhos tirando sarro…tá sofrendo. O trabalhador que levantou cedo e encarou o ônibus lotado…tá sofrendo. O professor que foi dar aula e por vezes se viu pensando na noite que passou…tá sofrendo. O empresário que abriu o jornal na farta mesa do café da manhã e leu sobre a eliminação vergonhosa…tá sofrendo. A nação rubro-negra tá sofrendo.

Amanhã a dor vai passar. Talvez ate hoje a noite, a dor já tenha passado. Mas na quarta-feira, quando a Libertadores recomeçar, vai bater uma certa angústia de saber que novamente jogamos uma oportunidade fora. Mas que fique claro que não jogamos na noite de ontem. Aliás…não fomos nós. Eles perderam a chance de tentar entrar pra história. Uma história da qual NÓS sempre fazemos parte como protagonistas. Uma história pra poucos e que alguns do que estão vestindo o manto ou fingindo comandar o clube não conhecem e não merecem fazer parte dela. Tenho certeza de que vamos ganhar novamente a Libertadores, certeza absoluta, mas temos que ter gente lá que sonhe como a gente. No campo. No gabinete.

Saudações

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