Por Arthur Muhlenberg
Quando comparada à Taça Guanabara a Taça Rio leva uma
vantagem incontestável por ser mais curta. Por ter jogos apenas entre os times
do mesmo grupo a TR tem menos jogos ruins e acompanha-la nos custará menos ao
bolso e ao saco.
O Flamengo não faz feio na história da competição, já chegou
a 16 finais e levou o caneco pra Gávea por 9 vezes, o que faz da mulambada bem
vestida a maior vencedora de Taças Rio desde sua criação em 1978. Um detalhe
interessante é que excetuando-se os anos de 1983 e 1985, quando fomos
escandalosamente roubados pela então safada arbitragem carioca, nas outras sete
vezes em que o Mengão meteu a Taça Rio terminou como campeão carioca.
Outro detalhe delicioso da Taça Rio é que ela é
provavelmente a única competição do mundo ocidental em que a nossa baranga
vascaína encontra um concorrente à altura. Apesar da bigoduda ser a equipe que
mais vezes foi vice da TR (8 vezes em 17 finais), os buchas do Flor a superam
proporcionalmente. O time das mocinhas de Laranjópolis conseguiu a proeza de
chegar à 9 finais de Taça Rio e levar pau em 7 delas. Um talento inequívoco da
boiolada na arte do vicecampeonatismo que merecia ser melhor explorado pela
imprensa e pelas torcidas rivais.
Mas é no plano subjetivo dos valores intangíveis que a Taça
Rio supera a Guanabara por larga distância. Por efeito do regulamento os times
simplesmente precisam jogar melhor do que jogaram no 1º turno. Porque o returno
do carioqueta é a última tauba de salvação de quem não foi capaz de honrar as
calças na TG, o que garante mais dramaticidade e relativo caráter decisivo a
qualquer pelada que se dispute entre 13 de março e 21 de abril.
Obviamente que quando mencionamos honrar as calças estamos
nos referindo elipticamente ao Flamengo, que no Rio é o único verdadeiramente
habituado ao uso dessa peça do vestuário masculino e, consequentemente, o único
que ficou devendo mesmo na Taça Guanabara. Já sabemos que nossos concorrentes
foram até o onde poderiam ir, consideradas suas inúmeras limitações. Foi o
Flamengo que ficou pelo meio do caminho.
E agora vai ter que jogar o carioqueta com a corda no
pescoço. O que não é de maneira nenhuma um problema para o Mais Querido, muito
pelo contrário. A obrigatoriedade da vitória, a proximidade com o abismo e a água
batendo na bunda em vez de nos abater ou tensionar, como sói acontecer com os
mal vestidos, nos agiganta e confere um sentido palpável ao esforço
aparentemente insano de jogar um campeonato rejeitado pelo público e avacalhado
pela crítica.
A torcida não exige títulos, mas exige coerência. Já que o
Flamengo se sujeita a jogar um campeonato mixuruca que pouco acrescenta ao
nosso currículo de glórias tem que ter ao menos vergonha na cara para
conquista-lo. A Taça Rio de 2013 não tem mistério, é passar o rodo normalmente
nos pequenos, sacudir as moças do Flor no único clássico que teremos e já
estamos na semifinal.
Penso que se voltarmos a jogar naquele 4-3-3 humildinho e
funcional que estava nos fazendo tão bem não será difícil alcançar a meta. Mas
é fundamental que as amargas lições da Taça Guanabara não sejam desprezadas. E
que mesmo contra o Resende, nosso adversário na estreia, o Flamengo volte a
jogar sério.
Portanto, Dorival, nem que seja pra proteger seu salario de
seis dígitos, esqueça definitivamente do meio de campo lamentável com que nos
despedimos do 1º turno. Renato não dá mais, principalmente quando combinado com
o talento do filho de Ib e Carlos Eduardo.
O Flamengo tem que fazer a bola correr, solte as pregas do
time, Dorival! E implore para que os galácticos administradores contratem de
uma vez um zagueiro bom. Um beque e um armador são as peças que mais nos fazem
falta. Mas, se ligue, tem que ser zagueiro bom, a cota de perebas e amiguinhos
já está completa.
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