Por Arthur Muhlenberg
Nada de panos quentes. A derrota
na semifinal é de difícil digestão. Nenhum rubro-negro gosta de perder, a
estatística comprova que quem gosta de perder torce preferencialmente pro
Foguinho, pro Flor ou pro Vice. Estamos putos e cheios de razões para isso. Mas
somos forçados a admitir que uma derrota nesse momento tem maior potencial
educacional e pedagógico do que teria outra vitória jogando mal sobre um
freguês tradicional.
É certo que perdemos a chance de
ganhar mais uma Taça Guanabara, que não é artigo de primeira necessidade, mas
ganhamos todos nós. Os torcedores ganharam um fim de semana com a família e
economizaram 80 reais, e os jogadores e comissão técnica ganharam mais uma
semana de treinamento e, espera-se, severos castigos físicos muito merecidos.
Mas o grande ganho que se pode
extrair do resultado negativo é que com ela sepulta-se, pelo menos
temporariamente, o oba-oba que já vinha toldando a capacidade de julgamento de
muitos rubro-negros empolgados pela sequência de bons e enganosos resultados no
carioqueta. Nada como um choque de realidade para acabar com a palhaçada e com
a idolatria injustificada. E, por favor, mantenham a compostura. Sem
comentários chorosos sobre a atuação desastrosa do atrapalhado juizinho.
Reconheça-se que o Foguinho jogou
seu jogo e soube, exatamente como nós há uma semana, explorar a vantagem do gol
feito no primeiro minuto. É uma péssima política colocar a culpa da derrota em
fatores externos, mas é evidente que as escritas, os tabus, a perigosa vantagem
do empate e a ansiedade provocada pela data festiva pesaram demais pro time
apenas regular do Flamengo. Que essa derrota sirva pra nos ensinar alguma
coisa.
Talvez não haja coisa pior para
um time em formação do que o dever de sustentar invencibilidades e escritas territoriais
para as quais o bom futebol praticado pouco contribuiu. A partir de agora o
time do Flamengo está oficialmente liberado de qualquer influência positiva que
ainda poderia se atribuir ao infeliz time de 2012. A tábua está zerada,
pronta pra ser preenchida com aquilo que esse time conquistar, sem heranças ou
legados discutíveis.
Bola pra frente porque a vida
continua e logo adiante temos Copa do Brasil e Taça Rio. Competições onde o
Flamengo terá, finalmente, a obrigação de mostrar serviço. Agora sim podemos
esperar por evolução de verdade. O Flamengo não nasceu pra navegar serenamente
por águas calmas. Que bom que a ressaca chegou.
Reitero meus votos de Feliz Natal
para todos.
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