sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dedé, Cadê o Rafinha?*


Por Arthur Muhlenberg

Rafinha: - Dedé, vou te driblar! Dedé: - Hã? Rafinha: - Vou te driblar de novo.

Esses vascaínos são mesmo uns psicopatas. Na maior cara de pau, e certos da impunidade, me acusaram de arrogância e soberba quando escrevi aqui, num humilde bloguinho de uso recomendado apenas para rubro-negros fechados com o certo, que o jogo com a nossa baranguete todo ano era a mesma coisa. Uma tremenda injustiça comigo. Felizmente os fatos e a longa série histórica de chacoalhadas épicas aplicadas pelo Flamengo com impressionante regularidade na recalcitrante bigoduda falam pela minha humildade com mais eloquência do que quaisquer palavras.

Pode perguntar pra um tricolor se ele compartilha da mesma opinião sobre o comportamento da baranga em relação a nós e ele vai responder que “todo dia ela faz tudo sempre igual”, ou se você der a sorte de encontrar um botafoguense gozando de boa saúde a resposta será “da primeira vez ela chorou mas resolveu ficar, é que momentos felizes tinham deixado raízes no seu penar”. É claro que se a pergunta for feita a um vascaíno mais esclarecido ele responderá “sofrer, não faço outra coisa da vida”.

Ou seja, é de conhecimento geral, é uma informação difundida até entre os arcoíristas, que o bacalhau é como carne de segunda na mesa do rubro-negro. Parece até aquele macarrão com salsicha de domingo. Depois que virou moda a gente ganhar desses buchas (ali pelo ano de 1923) é todo dia a mesma droga. O que não chega a ser exatamente uma boa notícia, dada a irrelevância do adversário no cenário do futebol mundial. O Flamengo tem que parar de perder tempo com essas miudezas.

Esse negócio da alta e tediosa previsibilidade dos resultados dos embates entre o Mengão e Portugália é tão descarado que em 20 de agosto do ano passado escrevi aqui mesmo no humildinho o seguinte:


Dorival, você está de parabéns por ter conseguido fazer nossos mais tradicionais come e dorme soltarem as pregas, mas avisa aí pros moleques que tudo bem catar uma baranguinha de vez em quando, mas que não pode acostumar porque isso tira a moral. A nossa rapaziada precisa aprender o quanto antes que a vida não pode ser só sacudir a vasquinha, existem outras conquistas, outros horizontes e os camisa feia não são parâmetro para nada.

Vai dizer que eu não poderia perfeitamente ter escrito essas mal traçadas ontem à noite antes de começar o jogo de basquete? É verdade que nos últimos tempos tenho pegado legal no pé do Dorival. Mas ontem ele foi muito bem na escalação do time. Vamos combinar, hoje em dia no futebol brasileiro o cara tem que ter culhão pra meter 3 atacantes em todo jogo.

É verdade que ele deu mole nas substituições, acertando duas e errando clamorosamente em uma, que acabou atrapalhando uma atuação até então impecável do Renato Abreu. Mas o saldo foi positivo. Que ele continue em evolução e pare com essa mania besta de consertar o que não está quebrado.

O jogo começou em alta velocidade, o ataque do Mengão é leve e corre pra caramba, os caras saíam pro jogo e tomavam contra ataque um atrás do outro. Rafinha tava muito liso e entortava os camisa-feiona a 3 x 4. Na primeira oportunidade real que pintou no jogo o Hernane, tipo centroavante, meteu a nêga lá dentro. Aí o jogo ficou mais fácil pra gente, porque os caras ficaram com medo e não saiam mais com a bola no pé, era só aquela bicudona pra frente.

Fala do Ibson agora, corneteiro filho da mãe! Eu falo. No meio, Ibson e Elias jogaram muito bem, definiam o ritmo dos nossos avanços e estiveram um pouco melhor que o Cáceres, que ainda não parece estar na plenitude da forma física. Foi justamente pela boa colocação do nosso meio campo que saiu o segundo gol. Jogada rápida, que foi feita toda certinha. Mas esse rapaz com a 10, o Nixon, poxa, tão novo e tão sem humildade em gol. Entrou com bola e tudo logo no primeiro encontro com a perva. Safadinho ele.

Depois do segundo gol veio aquela relaxada clássica, a hora do cigarrinho. A vasca percebeu que afrouxamos e chegou junto. Eles já manjaram que a nossa defesa é meio monga nesse negócio de cortar cruzamento e mandaram chuveirinho na área. Mais ou menos uns duzentos. Lógico que uma hora eles iam fazer gol. Nem sei Quem foi o mané que cabeceou, mas sei que nossos beques não subiram.

O Gonzalez é brincadeira, pula sempre atrasado esse cara. Deve ser o fuso horário do Chile. E não tenho nada contra o chileno, inclusive já bebi vinho chileno uma vez numa festa. Mas o que o Gonzalez tem de bom na cobertura tem de devagar no desarme. Quando eu digo que o Flamengo não ganha uma disputa de bola pelo alto desde o gol do Angelim em 2009 nêgo acha que é exagero. Não é só no mundo animal que cruzamento é coisa séria. Não dá pra esperar que o goleiro resolva. Ainda mais porque o Felipe, que ontem esteve muito bem, sai do gol como se fosse uma árvore sendo abatida. Temos que ver isso aí rapidinho, professor.

No intervalo eu cheguei a ficar com um pouco de pena do bacalhau. Fiquei pensando na situação do Gaúcho. Imagina, você treina o vice e tem em campo um jogador chamado Abuda. Teu time tá tomando olé, você faz o quê? Deixa Abuda ou tira Abuda? Gaúcho preferiu deixar Abuda e ainda mais aberto pro 2º tempo.



Aí entrou o Cleber Santana, que pode muito bem ser titular aí nesse meio, e fez logo um golaço daqueles. Com uns 50% do êxito do varadão de 150 km/h devidos ao ímpeto perfurador do jovem Rafinha Bolt, que não tomou conhecimento da zagueirada de são janu e passou por dentro deles como quis. Muito difícil pro Dedé sozinho parar o moleque, só se viessem os outros três Trapalhões e o Sargento Pincel pra ajudar.

Aliás, o Rafinha é o terror. O cara estava muito encapetado e bagunçou legal com a defesa da bigoduda. Foi muito come que ele deu nos trouxas. No quarto gol saiu lá de trás e só parou quando a bola tava lá no fundo do barbante delas. Golaço! O Dedé – O Mico, inclusive tá procurando o Rafinha até agora, doido pra conhecer pessoalmente e tirar uma foto com a grande sensação do Campeonato Carioca. Dedé, vou te dar uma dica. É muito mais fácil seguir o Rafinha pelo twitter. Anota aí o perfil dele: @Rafinha11Lima Mas só se a sua internet for rápida, ok?

Depois do 4 x 1 o moleque deu uma cansada e foi substituído com a certeza de que tinha arrebentado no jogo e que tinha subido um degrau importante à beça na sua carreira. Foi bonito ver isso. Mas aí o Flamengo se desarticulou, caiu de produção e só pra manter a tradição maldita acabou levando o gol onomasticamente mais previsível do ano. Quequeílson, Dakson é dose pra mamute, irmãos.

Enfim, a baranga foi finalizada, ninguém se surpreendeu mas todo mundo se divertiu. Agora acabou a moleza, mulambada. É hora de retomar o trabalho sério e criterioso e se preparar com o respeito e o profissionalismo que o Nova Iguaçu merece. Infelizmente Flamengo x Vices não é um evento semanal.



http://globoesporte.globo.com/platb/torcedor-flamengo/2013/02/01/dede-cade-o-rafinha/

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