Por Arthur Muhlenberg
Rafinha: - Dedé, vou te driblar! Dedé: - Hã? Rafinha: - Vou
te driblar de novo.
Esses vascaínos são mesmo uns psicopatas. Na maior cara de
pau, e certos da impunidade, me acusaram de arrogância e soberba quando escrevi
aqui, num humilde bloguinho de uso recomendado apenas para rubro-negros
fechados com o certo, que o jogo com a nossa baranguete todo ano era a mesma
coisa. Uma tremenda injustiça comigo. Felizmente os fatos e a longa série
histórica de chacoalhadas épicas aplicadas pelo Flamengo com impressionante
regularidade na recalcitrante bigoduda falam pela minha humildade com mais
eloquência do que quaisquer palavras.
Pode perguntar pra um tricolor se ele compartilha da mesma
opinião sobre o comportamento da baranga em relação a nós e ele vai responder
que “todo dia ela faz tudo sempre igual”, ou se você der a sorte de encontrar
um botafoguense gozando de boa saúde a resposta será “da primeira vez ela
chorou mas resolveu ficar, é que momentos felizes tinham deixado raízes no seu
penar”. É claro que se a pergunta for feita a um vascaíno mais esclarecido ele
responderá “sofrer, não faço outra coisa da vida”.
Ou seja, é de conhecimento geral, é uma informação difundida
até entre os arcoíristas, que o bacalhau é como carne de segunda na mesa do
rubro-negro. Parece até aquele macarrão com salsicha de domingo. Depois que
virou moda a gente ganhar desses buchas (ali pelo ano de 1923) é todo dia a
mesma droga. O que não chega a ser exatamente uma boa notícia, dada a
irrelevância do adversário no cenário do futebol mundial. O Flamengo tem que
parar de perder tempo com essas miudezas.
Esse negócio da alta e tediosa previsibilidade dos
resultados dos embates entre o Mengão e Portugália é tão descarado que em 20 de
agosto do ano passado escrevi aqui mesmo no humildinho o seguinte:
Dorival, você está de parabéns por ter conseguido fazer
nossos mais tradicionais come e dorme soltarem as pregas, mas avisa aí pros
moleques que tudo bem catar uma baranguinha de vez em quando, mas que não pode
acostumar porque isso tira a moral. A nossa rapaziada precisa aprender o quanto
antes que a vida não pode ser só sacudir a vasquinha, existem outras
conquistas, outros horizontes e os camisa feia não são parâmetro para nada.
Vai dizer que eu não poderia perfeitamente ter escrito essas
mal traçadas ontem à noite antes de começar o jogo de basquete? É verdade que
nos últimos tempos tenho pegado legal no pé do Dorival. Mas ontem ele foi muito
bem na escalação do time. Vamos combinar, hoje em dia no futebol brasileiro o
cara tem que ter culhão pra meter 3 atacantes em todo jogo.
É verdade que ele deu mole nas substituições, acertando duas
e errando clamorosamente em uma, que acabou atrapalhando uma atuação até então
impecável do Renato Abreu. Mas o saldo foi positivo. Que ele continue em
evolução e pare com essa mania besta de consertar o que não está quebrado.
O jogo começou em alta velocidade, o ataque do Mengão é leve
e corre pra caramba, os caras saíam pro jogo e tomavam contra ataque um atrás
do outro. Rafinha tava muito liso e entortava os camisa-feiona a 3 x 4. Na
primeira oportunidade real que pintou no jogo o Hernane, tipo centroavante,
meteu a nêga lá dentro. Aí o jogo ficou mais fácil pra gente, porque os caras
ficaram com medo e não saiam mais com a bola no pé, era só aquela bicudona pra
frente.
Fala do Ibson agora, corneteiro filho da mãe! Eu falo. No
meio, Ibson e Elias jogaram muito bem, definiam o ritmo dos nossos avanços e
estiveram um pouco melhor que o Cáceres, que ainda não parece estar na
plenitude da forma física. Foi justamente pela boa colocação do nosso meio
campo que saiu o segundo gol. Jogada rápida, que foi feita toda certinha. Mas
esse rapaz com a 10, o Nixon, poxa, tão novo e tão sem humildade em gol. Entrou
com bola e tudo logo no primeiro encontro com a perva. Safadinho ele.
Depois do segundo gol veio aquela relaxada clássica, a hora
do cigarrinho. A vasca percebeu que afrouxamos e chegou junto. Eles já manjaram
que a nossa defesa é meio monga nesse negócio de cortar cruzamento e mandaram
chuveirinho na área. Mais ou menos uns duzentos. Lógico que uma hora eles iam
fazer gol. Nem sei Quem foi o mané que cabeceou, mas sei que nossos beques não
subiram.
O Gonzalez é brincadeira, pula sempre atrasado esse cara.
Deve ser o fuso horário do Chile. E não tenho nada contra o chileno, inclusive
já bebi vinho chileno uma vez numa festa. Mas o que o Gonzalez tem de bom na
cobertura tem de devagar no desarme. Quando eu digo que o Flamengo não ganha
uma disputa de bola pelo alto desde o gol do Angelim em 2009 nêgo acha que é
exagero. Não é só no mundo animal que cruzamento é coisa séria. Não dá pra
esperar que o goleiro resolva. Ainda mais porque o Felipe, que ontem esteve
muito bem, sai do gol como se fosse uma árvore sendo abatida. Temos que ver
isso aí rapidinho, professor.
No intervalo eu cheguei a ficar com um pouco de pena do
bacalhau. Fiquei pensando na situação do Gaúcho. Imagina, você treina o vice e
tem em campo um jogador chamado Abuda. Teu time tá tomando olé, você faz o quê?
Deixa Abuda ou tira Abuda? Gaúcho preferiu deixar Abuda e ainda mais aberto pro
2º tempo.
Aí entrou o Cleber Santana, que pode muito bem ser titular
aí nesse meio, e fez logo um golaço daqueles. Com uns 50% do êxito do varadão
de 150 km/h devidos ao ímpeto perfurador do jovem Rafinha Bolt, que não tomou
conhecimento da zagueirada de são janu e passou por dentro deles como quis.
Muito difícil pro Dedé sozinho parar o moleque, só se viessem os outros três
Trapalhões e o Sargento Pincel pra ajudar.
Aliás, o Rafinha é o terror. O cara estava muito encapetado
e bagunçou legal com a defesa da bigoduda. Foi muito come que ele deu nos
trouxas. No quarto gol saiu lá de trás e só parou quando a bola tava lá no
fundo do barbante delas. Golaço! O Dedé – O Mico, inclusive tá procurando o
Rafinha até agora, doido pra conhecer pessoalmente e tirar uma foto com a
grande sensação do Campeonato Carioca. Dedé, vou te dar uma dica. É muito mais
fácil seguir o Rafinha pelo twitter. Anota aí o perfil dele: @Rafinha11Lima Mas
só se a sua internet for rápida, ok?
Depois do 4 x 1 o moleque deu uma cansada e foi substituído
com a certeza de que tinha arrebentado no jogo e que tinha subido um degrau
importante à beça na sua carreira. Foi bonito ver isso. Mas aí o Flamengo se
desarticulou, caiu de produção e só pra manter a tradição maldita acabou
levando o gol onomasticamente mais previsível do ano. Quequeílson, Dakson é
dose pra mamute, irmãos.
Enfim, a baranga foi finalizada, ninguém se surpreendeu mas
todo mundo se divertiu. Agora acabou a moleza, mulambada. É hora de retomar o
trabalho sério e criterioso e se preparar com o respeito e o profissionalismo
que o Nova Iguaçu merece. Infelizmente Flamengo x Vices não é um evento
semanal.
http://globoesporte.globo.com/platb/torcedor-flamengo/2013/02/01/dede-cade-o-rafinha/
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