Professor Dorival, detesto fazer isso, mas tenho que
reconhecer que estava enganado sobre a sua capacidade em transformar o elenco
do Flamengo em um time. Depois dessa vitória, que mesmo sendo sobre o simpático
freguês que não faz mal a ninguém, não tenho mais dúvida que o Flamengo tem um
time.
Um time que pode até não ser a ultima coca-cola do deserto,
mas que está sabendo compensar as limitações com os dois melhores argumentos
que existem no futebol: não perdendo pra ninguém e ganhando de todo mundo. Pro
Carioca tá bom demais. Parabéns pelo ótimo trabalho misturando a molecada com a
mobília que já estava na sala e mantendo o time limpinho e arrumadinho. Quem
disse que não há dignidade na pobreza?
É muito bom já estar garantido como primeirão do grupo e com
a vantagem do empate na semifinal (vantagem que na real vale nada porque o
Mengão, historicamente, nunca soube jogar com regulamento debaixo do braço).
Mas o problema de ganhar do Foguinho é que a gente sempre acha que o Flamengo
não fez mais que a sua obrigação e repara muito mais nos defeitos do que nos
acertos.
Tenho a impressão que o gol do Hernane logo aos 3 minutos
bagunçou o planejamento tático das duas equipes. Continuo achando que os dois
treinadores foram pro jogo querendo chamar o adversário pra sair na escama do
contra ataque. Com o 8º gol do Brocador no campeonato os sem-ônibus tiveram que
sair pra jogo e o Flamengo foi obrigado a aproveitar os espaços que os miúdos
deixavam. O começo do jogo foi eletrizante, parecia pelada, geral atacando.
Futebol franco, bonito e ofensivo que não podia durar mesmo mais que 10,
15 minutos.
Depois desse comecinho psicodélico o jogo entrou na velha
rotina de time grande enfrentando pequeno. O Mengão atacando muito, falhando na
finalização e a nossa defesa dando aqueles moles tradicionais. Os caras
chutaram 350 vezes no nosso gol. Tudo peteleco em cima do Felipe, mas que
podiam ter transformado o jogo em drama.
Nossa defesa foi muito hospitaleira com os visitantes do Foguinho.
Deixaram os caras entrarem na nossa cozinha à vontade. Como é que esse pré
bacanal acontece com um time escalado com 3 volantes eu não sei. Mas como posso
cornetar com a consciência tranquila se a defesa do Flamengo é a melhor do
campeonato? É por essas paradas que ninguém leva muito a sério o Campeonato
Carioca.
Um campeonato que não parece ser muito difícil de
conquistar. O nosso time é rápido, sem vícios táticos e alguns dos jogadores
são criativos e abusados. Mas a sua qualidade que mais salta aos olhos é que
todos os jogadores, até aqueles que a torcida pega no pé, tão jogando com tanta
seriedade que parece até que eles estão sendo pagos todo mês pra jogar. Coisa
que não se via no Flamengo há muito tempo. Tirando o Flor, que tem dois times e
não sabemos qual e nem mesmo se os vamos enfrentar, não vejo como podemos
perder essa TG.
Ganhamos, beleza, mas o adversário mais uma vez deixou a
desejar no quesito teste efetivo das nossas possibilidades em futuras
competições. O Foguinho não serve de parâmetro porque é, literalmente, o time
da estrela solitária. Time de um jogador só, Seedorf, lógico. Todas as jogadas
dos caras passam por ele. Que faz a saída da defesa pro ataque, arma a jogada
no meio, cruza, finaliza, bate lateral, falta e tiro de meta e ainda pega água
e Gatorade pros outros molambos de camisa feia. Eles vão matar o cara desse
jeito, assim não há como chegar inteiro no Brasileiro. SEEDORF, você é craque,
mas teu destino no Foguinho está escrito como anagrama no seu nome. SE FODER.
Vamo lá Mengão, pra cima do Azulão da Bariri na próxima
rodada pra vencer bem e chegar com moral na semi. Mas tem que prestar atenção
nessa parada de perder tanto gol porque é muito séria. Quem não faz leva não é
boitatá, é fato. O lance do Rodolfo no 2º tempo foi muito bizarro. O moluque,
que entrou muito bem no jogo, se empolgou, foi pra cima, passou pelos cones,
tirou até o goleiro e mandou o balão na Lua tipo Deivid. Não pode. Porque esses
lances fazem que os pequeninos comecem a achar que tão com sorte e se encham de
ímpeto vingador. E numa vacilação qualquer a casa cai. Já aconteceu antes, sou
testemunha.
Me desculpem o post palha, mas a falta de graça não tem nada
a ver com futebol, estou satisfeito com o time. Mas nem fiquei muito a fim de
sacanear o Foguinho porque no jogo que tinha tudo pra ser motivo de alegria,
enquanto a torcida promovia a paz nas arquibas, era brindada com mais um caso
de truculência e covardia envolvendo ex-dirigente do clube. É impressionante
como essa turma possui um talento natural para levar o santo nome do Flamengo
para as páginas policiais e nos matar de vergonha.
Espero que dessa vez, ao contrário do que aconteceu em 2011
quando o agredido pelas costas fui eu, a diretoria do Flamengo tome as medidas
condizentes com a gravidade dos acontecimentos e puna com severidade quem não
tem civilidade suficiente pra frequentar estádios ou clubes.
Um comentário:
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